A Grande Estrela
Desponta o Sol, grande estrela
Dos pavilhões celestes
Donde o azul marinho
É a sublime cor.
Nesse bosque em cuja superfície eu me encontro
O retorcido ferro engendrando:
O musgo, o lodo, e a larva viva
– eu vou vivendo.
Do lixo derramado carcomem os vermes as tripas suas
Em meio às porcas, aos parafusos, o tétano hibernando ‘stá.
Contra o concreto frio e gélido: luta a vida;
Contra o ferro retorcido e enferrujado,
Sobre o capô lixado: a vida, ressuscitando.
Desponta o Sol, grande e redonda Ave,
Que brilha qual cigarro altíssimo de uma flama intensa:
Estalando o mogno... queimando a Selva.
Vê – oh Astro Fosfóreo – quão bela a Terra é:
De mil indústrias ‘stá repleta
E dos galpões cilíndricos – tomada até o Topo:
Tudo é feito do ferro e da metálica-liga.
Tudo é feito do silício e do sulfúrico ácido.
Nem sempre o teu Mundo foi esse...
Nem sempre o teu Mundo será assim...
Continua a ser Grande, oh Estrela, dos confins do Espaço:
Desponta o Sol.